sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O que era esquisito torna-se compreensível

A vida é mesmo uma caixinha de surpresa. Ela estava ainda com saudade de sua casa, seus objetos pessoais, seu pequeno quarto... sentia saudade de sua vida!
Os dias passavam lentamente. Tardes de sol não significavam bom tempo... isso ela concluíra após inúmeros banhos de chuva e ventanias que apareciam sem qualquer aviso. Não lidava bem com sombrinha, sempre esbarrava nos  muros e nas pessoas, mas ali, naquela cidade, ela iria precisar deste acessório se não quisesse ter suas roupas encharcadas.
Ela nunca gostou do clima europeu daquela cidade. Na verdade ela só gostava mesmo do ceu daquela cidade. Aulas a esperavam. Trabalhos em grupo não era a sua preferência na faculdade, sempre sobravam as maiores lições para que ela fizesse. Sem contar algumas colegas que, seja por preguiça ou por falta de interesse, deixavam todo o conteúdo de pesquisa para que a moça realizasse sozinha.
Existem professores e "professores". Ela aprendera isso rapidamente na faculdade. Existiam aqueles sempre disponíveis, abertos ao pleno entendimento estudantil e outros... bem... como ela mesmo diz, parecem que apenas cumprem suas horas de trabalho e rezam para o final de semana chegar!
Ela teve que se adaptar. Ela precisou rever muitos conceitos. Seus princípios cristãos, estavam inabaláveis, ela sempre soube muito bem o que sentia e vivia sob a presença de Deus.
O namorado não aprovava a sua fé. Isso mesmo... dizia que sua crença estava errada, cheia de falhas... acusava sempre que ela, assim como os outros seguidores da Igreja Católica, serviam ao culto de imagens!!! Ele não compreendia. Tempos mais tarde ela compreendera direitinho a razão destas acusações... mas isso ficará para mais tarde. Existem muitos outros assuntos a serem contados com maior ênfase.
Arrumou detalhadamente a sua kitnet para receber duas colegas de sala. Encontrou materiais frescos para a confecção de deliciosos pastéis! Ela gostava de arriscar-se na cozinha... 
Chegaram. Contraste de personas. Uma das moças era tímida e possui um sotaque forte do interior mineiro. Essa moça, segundo ela, acha todo mundo "bonzinho". A segunda moça, colorida ao extremo e cheia de piercing! A tal que ela achava esquisita quando a viu pela primeira vez dentro da sala de aula.
Fizeram o trabalho, discutiram temas interessantes. Partiram para conversarem sobre suas vidas, seus gostos e tudo o que as mulheres adoram falar quando se encontram.
De repente ela percebe que entre elas havia mais coisas em comum do que jamais pudesse ter imaginado. E a tal estranheza desapareceu por completo. Ela se alegrou... enfim encontrara pessoas com as quais poderia compartilhar experiências.
Serviram-se de refrigerante e dos pastéis. Ela estava cada vez mais interessada em descobrir a trajetória de cada uma até ali. Riram muito. Confessaram suas impressões em relação às outras colegas (mulheres...rs).
A colega tímida se serve mais uma vez.Ela oferece mais e mais, sempre gostou de ver o contentamento dos outros. Em seguida,  a moça tímida sente vergonha e diz que já estava comendo demais. Ela gostou, enfim os seus dotes culinários haviam aparecido. Ela pergunta de forma suave: Comeu mesmo? Momentos impagáveis: a moça tímida troca olhares com a outra que, levanta a sobrancelha e fica calada. Não é que essa moça entendera que a anfitriã havia concordado com a sua confissão de ter comido muito? Ela riu muito. Explicou para as colegas que não foi essa a entonação correta e sim que, estava preocupada em satisfazer as visitas!
Riram mais ainda. Ali nascera a amizade entre elas. Essa amizade foi um dos maiores ganhos dessa solitária moça até aquele momento. Quando elas foram embora, a moça foi limpar a cozinha. Relembrou com um sorriso no rosto aquela situação vivida. Nunca mais se esqueceu.



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